A primeira vez que ouvi falar em “serendipidade” foi em 2012, enquanto tomava um sorvete na “Serendipity”, em Las Vegas. Lembro de ter achado a palavra estranha e acho até que, na época, nem havia uma tradução conhecida em português. Agora, em 2025, ela voltou à minha vida, desta vez no contexto do trabalho.
Serendipidade, que nada mais é do que aquela descoberta feliz, inesperada e aparentemente acidental, foi tema de um dos debates que acompanhei recentemente em um evento sobre sustentabilidade, em São Paulo. Saí de lá refletindo: acaso e estratégia, pilares aparentemente opostos, poderiam andar juntos na comunicação?
O que acontece, então, quando combinamos comunicação estratégica e serendipidade? A resposta é simples: surgem oportunidades com enorme potencial.
Quer ver um bom exemplo?
Um dos nossos clientes no Conversa, Gabriel Granjeiro decidiu, junto conosco, criar um canal no YouTube. A ideia era transformar seus artigos semanais mais lidos em vídeos para expandir sua marca pessoal e atingir novos públicos.
Poucos meses depois, ele conheceu uma aluna aprovada em concurso público que havia estudado com a tecnologia e os professores da sua empresa, e cuja história de vida merecia ser contada.
O que fizemos? Em vez de apenas escrever um texto e adaptá-lo para vídeo, decidimos testar o formato de entrevista no canal. O resultado foi tão bom, que a proposta original do canal evoluiu para entrevistas semanais com alunos aprovados. Hoje, já são mais de 400 vídeos, quase 9 milhões de visualizações e 171 mil inscritos. Confira aqui.
Em resumo: o plano de ampliar a presença no YouTube encontrou uma história de aprovação marcante e, desse encontro, nasceu algo inesperado: um programa de entrevistas de enorme sucesso.
E agora? Como incorporar a serendipidade à comunicação estratégica na nossa rotina profissional? Tenho alguns palpites.
Criar ambientes propícios para trocas espontâneas, por exemplo, aumenta muito as chances de insights valiosos surgirem. Uma curadoria aberta, que inclua vozes diversas e perspectivas não óbvias, pode surpreender positivamente e resultar no “inesperado relevante” que sua comunicação precisa.
Manter a atenção ao inusitado também pode ser muito eficaz. Sabe aquele comentário casual de um cliente que normalmente passaria despercebido? Ele pode ser exatamente o ponto de partida para uma grande ação de comunicação.
Além disso, construir planejamentos flexíveis e capazes de acolher o que ainda não sabemos é fundamental. Se um conteúdo viralizar de forma inesperada, sua equipe estará com a prancha na mão para surfar na onda do engajamento?
No fim do dia, abrir-se ao inesperado e saber aproveitá-lo pode transformar os resultados do seu planejamento em inovação — e essa, sim, muda o jogo de uma marca.