Sim, é isso mesmo. A maioria dos brasileiros acredita que as marcas exercem papel relevante para melhorar a qualidade dos diálogos e interações entre as pessoas. Além disso, 56,9% da população crê que as marcas já fazem isso em alguma medida, e 79,6% seguem perfis de marcas nas redes sociais.
Os dados acima fazem parte da recém-lançada pesquisa ‘Brasil de Bolhas’, realizada pela área de comportamento da agência Dojo para identificar como os brasileiros estão conversando. O material é riquíssimo e permite muitos recortes interessantes para quem empreende, atua na área de comunicação ou se interessa por análises bem construídas de tendências e comportamento humano.
Segundo a ‘Brasil de Bolhas’, 69% das pessoas têm amigos com posicionamentos iguais ou muito semelhantes ao próprio. Isso acontece porque “nossos diálogos estão cada vez mais restritos à nossa própria bolha.”
Isso soa familiar? Pois é. Muitos de nós, em alguma medida, já nos sentimos bem por estarmos livres do confronto com quem pensa diferente, concorda? Serve para pessoas, serve para as marcas. Mas, afinal, se há tantas visões de mundo por aí, por que estamos tentando (e conseguindo) nos ‘blindar’ delas?
Do ponto de vista da comunicação de marcas, que é o que nos interessa neste artigo, algumas análises são necessárias e eu vou tentar mapear aqui pontos para você refletir. Antes, porém, mais um pouco de dados, desta vez sobre os perfis dos interlocutores. A pesquisa mapeou 5 tipos principais:
– Contestadores (11,5%): não gostam de perder discussões, não vão aceitar uma derrota no argumento.
– Impositivos (4,5%): são mais combativos e viscerais, e conseguem conversar melhor sobre pontos em comum.
– Isentos (43,1%): evitam assuntos polêmicos, gostam de histórias reais e atuais.
– Rígidos (13,3%): têm na religião e na família valores inquestionáveis, não aceitam ter suas crenças questionadas.
– Idealistas (27,7%): costumam ser mais jovens, reflexivos e ponderados; preferem aprender a ganhar a discussão.
Agora, olhe para esta tabela:
Relação dos 5 perfis de interlocutores com as marcas | Seguem marcas | Acreditam que marcas podem contribuir para melhorar os diálogos | Acreditam que já existem marcas colaborando |
---|---|---|---|
Contestadores | 82,1% | 66,8% | 66,8% |
Impositivos | 78,9% | 65,6% | 62,8% |
Isentos | 75,3% | 48,1% | 47,5% |
Rígidos | 77,1% | 55,3% | 55% |
Idealistas | 81,9% | 69,4% | 52,4% |
Precisamos de contexto para extrair insights
O trabalho crava o mês de junho de 2013 como um marco inicial da aceleração de um processo que já se mostrava em curso: o despertar do sentimento mais forte de pertencimento político. Somado ao acesso a um sem-fim de informações (acesso ou excesso?) difícil de processar e aos conflitos políticos do fim precoce do governo Dilma, as cisões sociais começam a ficar cada vez mais evidentes.
As redes sociais se tornam, sem dúvida, a mola propulsora da quebra do tecido social. Tanto que, em 2016, 46% das pessoas compartilharam fake news. Começamos a nos agregar, então, pelo viés da confirmação: nos reunimos digitalmente com quem reforça nossas crenças, buscamos conforto nos que assumem posicionamentos iguais aos nossos.
O que a pesquisa descreveu e eu apenas resumi (muito!) acima ativou sua memória?
Quem viveu tudo isso diz estar cansado. E esse cansaço gera a falta de esperança no potencial de um diálogo construtivo. A comunicação é complexa e isso se manifesta em três aspectos: os mecanismos para trasmitir e receber informação, o ambiente em que ocorre o diálogo e o perfil de quem trasmite e recebe as mensagens.
Há esperança? Sim!
Segundo a pesquisa, 54,7% dos brasileiros recebem melhor uma comunicação reflexiva, ou seja, que apresente dados, referências e informações confiáveis, que mostre os “dois lados”.
Por outro lado…
Segundo o Ipec (2° semestre de 2021), 83% dos brasileiros que têm entre 18 e 34 anos consideram que o debate nas redes sociais é agressivo e intolerante.
Nelas, as pessoas costumam se informar seguindo perfis de outras que admiram (Instagram, YouTube e Twitter são bons exemplos), ou usando redes mais fechadas como Whatsapp e Facebook, onde se conectam apenas com familiares e amigos. Não à toa, o Twitter é onde ocorrem alguns dos debates públicos mais acirrados e exasperados.
O que fazer, então?
Se você chegou até aqui, agradeço imensamente a companhia e deixo a minha principal dica: leia a pesquisa, foque no entendimento da relação dos dados com a sua realidade, observe os conselhos sobre como lidar com cada público e avalie o que a sua comunicação está fazendo agora.
- Como a sua marca, no seu nicho de atividade, pode ajudar a construir pontes em vez de muros?
- Como ela pode ajudar a aproximar pessoas que pensam de forma diferente?
- Como ela pode contribuir para o debate saudável sobre assuntos difíceis?
Para cada marca, em cada ambiente, há uma solução personalizada. Nós, do Conversa Estratégias de Comunicação Integrada, podemos te ajudar com isso. Fale com a gente! Estamos prontos para ajudar sua marca a fazer e contar histórias com diálogo, tolerância e compreensão mútua!
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Rodrigo Rocha é Sócio e coordenador de Digital do Conversa Estratégias de Comunicação Integrada