No último domingo, 05/02, ocorreu a 65ª edição do Grammy Awards, premiação internacional de música que visa reconhecer as melhores músicas, vídeos, composições e artistas do ano. Entre os concorrentes estava a brasileira Anitta que, após 50 anos da premiação, foi a única brasileira indicada entre as quatro principais categorias da noite – ela concorreu como Melhor Artista Revelação.
O prêmio, infelizmente, não veio para o Brasil e foi conquistado pela cantora Samara Joy, que tem se consagrado no Jazz. A reação dos brasileiros na internet chamou a atenção: muitos foram até o perfil da vencedora no Instagram para destilar ódio e até tecer comentários com teor racista.
no perfil oficial da cantora Samara Joy no Instagram
O caso tem sido discutido esta semana e o influenciador Felipe Neto, na estreia do seu podcast “NetoLab”, se posicionou a respeito dizendo que a cantora Anitta escolhe os melhores momentos para calar a boca.
“Por que não falar? Por que não educar os fãs? Será que é porque, no fundo, sabe que esse comportamento hostil e violento dos fãs acaba sendo positivo para ela?” (Felipe Neto)
Na ocasião, o influenciador lembrou da vez que foi vaiado ao ganhar em uma categoria que concorria com Anitta na premiação MTV MIAW.
Luísa Sonza também já foi alvo
Outra personalidade que passou por um momento difícil nas redes sociais e que precisou até se afastar temporariamente foi a cantora Luísa Sonza. Após o término do relacionamento com o humorista Whindersson Nunes em meio a boatos de que ela o havia traído – o que não é verdade -, a cantora passou a receber diversos ataques odiodos. Luísa foi acusada até mesmo de ser culpada pela morte prematura do filho de Whindersson e Maria Lina, com quem o humorista se relacionou após o término com a cantora.
Na época, Luísa fez um vídeo desabafando em suas redes. Em outras ocasiões, chegou a dizer que as pessoas não iriam parar de destilar ódio nas redes sociais enquanto não fizessem alguém se matar.
Não é só no mundo da música
As brigas entre fandoms – nome dado à base de fãs de um artista – são comuns. Tanto que, em 2020, a atriz Bruna Marquezine precisou dar uma declaração sobre a briga entre seus fãs. Na época, ela afirmou que gosta de seguir perfis sobre ela que apresentam interação leve, bem-humorada e sem idolatria, e que adoraria que parassem com brigas desnecessárias e ofensas cruéis.
“Nunca mais pense em atacar uma pessoa de dentro do fandom pela sua aparência. Como minha fã, você deveria saber o quanto eu abomino isso. E principalmente, trazendo os familiares e a vida pessoal dessas pessoas para dentro de picuinhas frívolas.”
Discursos de ódio nas redes sociais têm crescido
Essa prática é considerada crime e deve ser denunciada. Segundo a Central Nacional de Denúncias de Crimes Cibernéticos da SaferNet, em 2022, foram registradas mais de 74 mil denúncias, um aumento de 67,7% se comparado a 2021. Fazendo uma comparação entre 2021 e 2022, essas são as porcentagens de crescimento conforme cada tipo de crime cometido:
Xenofobia: 874%
Intolerância religiosa: 456%
Misoginia ou opressão às mulheres: 251%
Todos os demais crimes relacionados a discurso de ódio na internet (que incluem ainda apologia e incitação a crimes contra a vida, LGBTFobia e racismo) também cresceram.
Fato é que quando as pessoas estão por trás de uma tela, tudo se torna mais fácil de falar. Mas é necessário ter sempre em mente “você teria coragem de dizer pessoalmente o que falou nos comentários na internet?”.
Além de Bruna Marquezine, que falou com seus fãs para parar com brigas e ofensas entre eles, o nome de Anitta já esteve presente em outra situação semelhante, na qual seus fãs dispararam ataques racistas e de ódio contra a cantora Ludmilla. Na ocasião, Anitta se pronunciou falando que esses tipos de ataques a incomodam.
O debate sobre o assunto tem gerado muitas discussões. Será que Anitta vai se pronunciar desta vez e pedir para os seus fãs pararem de atacar a Samara?
Detalhe importante: as duas cantoras começaram a se seguir no Instagram um dia após o Grammy. Vamos aguardar os próximos capítulos!
E você? O que acha? É papel dos artistas educarem seus fandoms?
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José Henrique é Coordenador de Comunicação e Eventos do Conversa Estratégias de Comunicação Integrada
