Se você é fã de podcasts, provavelmente já deve ter ouvido falar do ‘Não Inviabilize’, em que a psicóloga, podcaster, roteirista e escritora Déia Freitas conta as histórias que recebe diariamente de gente do Brasil todo.
Atualmente, o podcast já conta com mais de 100 milhões de reproduções, mais de 1 milhão ouvintes e mais de 140 mil reproduções por episódio. É, de fato, um fenômeno e não é pra menos. A forma como o podcast é organizado e as histórias contadas cativam o público e fazem as pessoas se identificarem. Eu mesmo não consigo deixar de ouvir nenhuma e me envolvo com todas elas.
Déia não apenas conta as histórias como dá a sua opinião sobre o ocorrido, pede a opinião dos ouvintes e, muitas vezes, mistura à narrativa situações já vividas por ela mesma. Se você ainda não conhece, esses são os quadros* do podcast:
- Amor nas Redes: histórias de amor, afeto e saudade;
- Picolé de Limão: histórias do cotidiano, ciladas, trapaças e muita história revoltante;
- Luz Acesa: histórias de terror, suspense e mistério;
- Ficção da Realidade: histórias ficcionais interativas;
- Mico Meu: histórias engraçadas;
- Alarme: histórias que servem de alerta, gatilhos emocionais;
- Minhas Coisinhas: histórias de situações da própria Déia.
*retirado do perfil oficial no Spotify.
Mas, afinal, por que o podcast faz tanto sucesso?
1) Conta histórias de pessoas reais
Como já disse, o podcast conta histórias reais coletadas que são enviadas por email. Os roteiros geram muita identificação, parecem conversas de comadres que despertam os mais diversos sentimentos: raiva e indignação nas histórias de trapaça, boas risadas nos causos cômicos e por aí vai. É praticamente contar uma fofoca, sem identificar os participantes dela. E quem não gosta de uma fofoca, certo?
2) Ouvintes podem opinar
Esse é um dos aspectos essenciais para o ouvinte se identificar ainda mais com o podcast. Você pode dar a sua opinião sobre o que acredita que a pessoa que enviou a história deve fazer.
Mas, como assim? Em muitas histórias, o personagem está em dúvida sobre o que deve fazer. Assim, a Déia Freitas abre para os ouvintes trazerem as suas opiniões. Há um canal no Telegram no qual, quem participa, utiliza uma hashtag com o nome do episódio e a sua opinião sobre a história. Mensagens de apoio e indignação também são bem-vindas, desde que respeitem uma regra básica: “sejam gentis”.
3) Humanização no Não Inviabilize
O podcast vai além de contar histórias de terceiros. A apresentadora também faz relatos pessoais, como na história “TURBANTE”, em que a personagem conta sobre um caso de racismo que sofreu com a família do namorado. Ao fim, Déia traz um desabafo super emocionante de como a família do pai tratava a sua mãe. Ou no episódio DANI, em que ela cita o câncer de mama que a mãe teve.
O clima intimista dos episódios também é um diferencial. Dá para ouvir os gatos e cachorros da Déia, ao fundo, por exemplo, e ela os inclui no bate-papo, os chama pelo nome, “pede a opinião deles”.
O quadro “Minhas Coisinhas”, em que ela fala sobre alguma obra que está acontecendo na sua casa, novas aquisições do podcast, sobre seus pets ou alguma dificuldade que está enfrentando, é outro ponto de conexão importante. Ela pede ajuda aos ouvintes para resolver seus próprios problemas!
O Não Inviabilize é tão íntimo que a própria Déia fez, em um dos episódios, um desabafo sobre a correria que é manter o podcast com as cobranças que recebe das pessoas que enviam histórias. Ela pensou em encerrá-lo porque não quer que o programa perca a essência e se torne uma marca fria. Para ela, é fundamental que o podcast seja sempre associado a ela, uma pessoa que tem vida pessoal, sentimentos e imprevistos.
4) Bordões
“EEEEEEEEEE, DÉIA”! Se tem algo que um ouvinte assíduo do Não Inviabilize sabe, são os bordões da Déia que, creio eu, muitas vezes surgem de forma muito espontânea sem que nem ela mesma perceba, rs.
O “ÊÊÊÊÊ” antes do nome do personagem da história contada, pode saber que é porque a história vai ser ótima e que a pessoa aprontou algo. Iniciar os episódios com “Oi, genteee! Cheguei e cheguei para mais um – nome do quadro” e, logo em seguida, soltar um “então vamos lá, vamos de história”. Ou quando passa uma moto, carro ou cachorro late, em seguida você pode saber que vai vir um “depois o Léo corta”, inclusive, ele é conhecido assim na equipe apresentada no site do podcast. Ou o “E hoje eu não tô sozinha, meu puuubli”.
Posso te garantir, depois de um tempo ouvindo o podcast, automaticamente você começa a falar desses bordões e isso talvez faça de você um Não Inviabilizer.
5) Parcerias
Eu gosto como as parcerias são abordadas no podcast, pois a Déia nunca as traz de uma forma evidentemente publicitária. Ela faz as marcas participarem e até trazerem histórias para o Não Inviabilize. Uma parceria que eu acho incrível é a com a Drogasil, que traz histórias emocionantes da sua equipe ajudando a comunidade. Quem ouviu o episódio “JOILSON” ou o “INSULINA” e não se emocionou? E o mais legal, é que no fim de cada episódio vem o depoimento dos colaboradores das marcas contando a história na visão deles.
Isso humaniza ainda mais o podcast e até as marcas que fazem parceria.
6) Apoia tudo o que há de melhor
O Não Inviabilize acaba se tornando um refúgio de tudo o que estamos vivendo. A Déia é uma pessoa que apoia a causa animal, democrática, é contra preconceitos, violência e isso torna o podcast um alívio para o nosso cotidiano. É um respiro e faz a gente acreditar que ainda existem pessoas boas, que o bem ainda prevalece. Prova disso, é a Déia não dar nome a personagens que cometem erros grotescos na vida de outras pessoas, seja cometendo racismo, traição, lgbtfobia. “Anular” a existência dessas pessoas, demonstra que o podcast não apoia o que não faz bem.
Há diversos outros motivos que fazem o podcast ser um sucesso e ter conquistado o coração de tantos brasileiros, mas esses são alguns que acredito que faz com que ele seja esse estrondo no país. Além disso, acho que tem a haver com algumas das coisas que trouxe: manter a sua essência, humanizar e acreditar no que você faz. Na minha opinião, é a fórmula perfeita para que um trabalho alcance os seus objetivos.
Eu, que não sou tão fã de podcasts, tenho o Não Inviabilize como um escape da minha rotina. Ouvir a Déia contando as histórias me desperta vários sentimentos bons que quero repassar para amigos, para que sintam o mesmo. Inclusive, a história TIBÉRIO eu compartilhei com todas as pessoas possíveis. Agora, recomendo para você também.
E podem aguardar a minha retrospectiva do Spotify, pois maratonei TODOS os episódios e com certeza o Não Inviabilize será mencionado por lá.
Todos os episódios estão disponíveis gratuitamente nos serviços de streaming. Caso os usuários queiram ouvir mais histórias e receber tudo em primeira mão, é possível assinar o app do podcast, cujo objetivo é arrecadar verba para a estrutura necessária para a gravação dos episódios e manter a equipe de aproximadamente 10 pessoas, que oferece suporte nas redes sociais, edição e manutenção do site, por exemplo.
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José Henrique é Coordenador de Comunicação e Eventos do Conversa Estratégias de Comunicação Integrada