“O que sabemos é uma gota; o que ignoramos é um oceano”. Essa frase de Isaac Newton já deve ter cerca de 300 anos e faz mais sentido ainda nos dias atuais, em que esse “oceano” de conhecimento cresce exponencialmente. Acreditam que o cientista tenha relacionado essa frase ao saber científico, mas, na minha opinião, ela pode servir como abertura para algumas reflexões que trarei aqui.
Desde o início do ano, tenho lido pouco sobre assuntos que estão relacionados às minhas carreiras de empresária e comunicadora. Percebi que tenho um interesse maior, no momento (e quase sempre rs), por temas diversos, que vão desde biografias de mulheres fortes a astronomia. E isso tem me feito pensar o quanto essa diversidade de conhecimento tem influenciado a minha produtividade, a minha criatividade e a minha sociabilidade.
Meu livro do momento é a biografia da Viola Davis (será que preciso explicar quem é? De qualquer maneira, segue o link do perfil dela rsrs). Forte, honesto, tão visceral que as imagens quase saem das páginas. Não é a história de uma atriz que “venceu na vida”, do ponto de vista profissional. Isso é inegável e não é o que te faz comer as páginas da obra. É o relato doloroso de uma mulher que se perdeu na invisibilidade, mas sobreviveu ao destino ao qual estava fadada e, hoje, continua à procura de si mesma.
Aí me pergunto: como um livro desse pode contribuir com a minha formação profissional? É a reflexão que tenho feito nos últimos meses, porque, como eu disse, tenho tido menos interesse em estudar as minhas áreas de atuação. E isso gera uma autocobrança: como eu vou ficar sem estudar e ainda continuar sendo uma boa profissional? Bem, esse texto não é para incentivar as pessoas a pararem de estudar (continuem, por favor!!). É mais uma provocação para os que limitam o seu conhecimento às áreas da profissão.
A busca por conhecimentos diversos conecta as pessoas
Em um mundo de tanta concorrência, o ativo social é um dos bens mais importantes de um profissional. Quem tem as “manhas” do networking sabe que você não constrói relações chegando direto ao ponto, tentando vender seus produtos ou serviços. Até acontece, mas a arte do networking passa por construir conexões por meio de afinidades e interesses. Se você só sabe falar sobre sua área, é bem provável que não consiga sustentar conversas sobre outros temas.
Estar antenado (e interessado) estimula a sua criatividade
Austin Kleon, autor de Roube como um artista (um livro importante para quem quer estimular a curiosidade), afirma que a criatividade está em toda parte. E isso faz muito sentido. Tudo pode ser inspiracional: as pessoas que passam por você, o panfleto que recebeu no semáforo, um livro sobre mitologia grega, um podcast que fala de astrologia, a música que te lembra a fase dramática da adolescência, a série que narra um romance entre seres interplanetários.
Conhece-te a ti mesmo por meio das histórias do mundo
Visitar outras histórias e outros saberes possibilita que você se conecte com os seus a partir da associação. Quem nunca desconfiou de uma traição? Quem já achou que morreria de amores por alguém? Aposto que muita gente já quis sair por aí, pedindo caronas e conhecendo lugares e pessoas novas. Catou as referências?
A diversidade de mundos, reais ou não, provoca a sua autorreflexão. Já senti isso? Reagiria da mesma forma? Como isso pode ser aplicado em minha vida?
Conseguir enxergar e entender o outro a partir da diversidade de pensamento
Deixei para o final a vantagem que considero mais importante em tempos de ódio e intolerância. Conhecimento une, propõe, acolhe. A ignorância é o que desagrega, julga e mata. Saber mais sobre o que se planeja opinar sobre é um gesto de cuidado com o outro.
Moral da história: quanto mais uma pessoa for curiosa, mais interessante ela é e melhor viverá. Melhor também fica o mundo, pode ter certeza.
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Kadydja Albuquerque é jornalista e sócia do Conversa Estratégias de Comunicação Integrada