Você já deve ter percebido que a publicidade na internet têm se tornado cada vez mais orgânica. Se antes um influenciador fazia a publi, um vídeo ou foto de um produto, falando apenas sobre ele, hoje a dinâmica é diferente, e os produtos ou serviços estão sendo introduzidos de forma cada vez mais natural nos posts. Mas será que essa parceria entre marcas e influenciadores, realmente tem dado certo?
Segundo pesquisa realizada pela Globosat em parceria com a Consumoteca, 85% dos internautas interagem com esses conteúdos na web. Isso acontece pois 99% dos internautas assistem vídeos em diferentes telas e dispositivos (TVs, plataformas de streaming, lives e até vídeochamadas) Além disso, 72% consomem o formato nas redes sociais, segundo levantamento da Kantar Ibope Media.
Uma outra pesquisa, da Global Consumer Survey, mostra que 40% da população do Brasil é impactada pelo marketing de influência, fazendo com que nosso país seja o maior mercado do mundo na área. A startup israelense, Rapyd, mostra que 76% dos entrevistados afirmam que acreditam no que é dito pelos influenciadores digitais.
Apostar nas publis em formato de vídeo pode ser uma jogada certeira: o Brasil é o segundo país com mais tempo de tela diário na internet. O brasileiro passa, em média, 3 horas e 46 minutos rolando feeds e consumindo conteúdo nas redes.
Mas as mudanças não começaram com o TikTok e os reels do Instagram…
Se me lembro bem, o Magazine Luiza foi uma das empresas pioneiras em mudar o formato mais engessado de se fazer publicidade na internet. Se antes estávamos acostumados a ver cards com alguns produtos e seus preços ou um vídeo patrocinado, sendo narrado por uma voz masculina destacando algumas promoções, a Magalu resolveu mudar esse formato e desenvolveu o Magalocal, que começou lá no Facebook.
O Magalocal dava voz aos seus mais de 900 gerentes e deixava que eles se comunicassem diretamente com o público da loja na cidade onde ela estava instalada. O material era menos elaborado, mais barato e, ao mesmo tempo, muito assertivo, já que eram as pessoas da própria região falando com os seus, e não uma publicidade nacional para a grande massa.
Por exemplo: na época da Copa do Mundo de 2018, enquanto o Brasil inteiro falava do evento, a população de Goiânia estava preocupada com uma frente fria atípica, o que fez com que os anúncios na região focassem em ofertas de cobertores e edredons. Segundo o Magazine Luiza, o conteúdo personalizado impactou diretamente as vendas.
O humor também dava o tom, trazendo, inclusive, os próprios vendedores das lojas para as gravações. Vai dizer que você nunca viu o vídeo de um vendedor simulando que estava quase sendo levado pelo vento, pois o ventilador estava ligado, tentando mostrar que aquele produto era, de fato, potente? Isso fazia com que as pessoas fossem direto na loja e procurassem pelos vendedores, gerando identificação e proximidade com as lojas.
Em uma loja de Avaré, interior de São Paulo, os funcionários fizeram uma paródia da música ‘Já é Sensação’, para divulgar ofertas de TVs. O resultado? Com pouco mais de 300 mil visualizações no vídeo, eles venderam no final de semana da publicação 80% da meta mensal do setor, segundo a vendedora Camila Sales.
Conheça mais sobre o Magalocal.
Os criadores de conteúdo são a versão 2.0 dessa onda
A publicidade orgânica é um negócio lucrativo para quem cria conteúdo e para as marcas, que investem em canais com público muito engajado e com alta possibilidade de se interessar e comprar efetivamente o produto. Isso sem falar na construção da memória positiva de marca, atrelada a narrativas divertidas e memoráveis.
Para se ter uma ideia, alguns famosos, como é o caso da cantora Juliette, cobram R$100.000 por story publicado. A cantora Iza, que, atualmente, tem participado de publicidades de diversas marcas, cobra R$50.000 por story.
Camilla de Lucas
Diversos são os que trazem esse tipo de conteúdo em seus perfis, mas me lembro até hoje do primeiro que assisti e me marcou da forma em que foi feita. Talvez por eu ser fã de Harry Potter (rs). Em seu perfil do Instagram, Camilla de Lucas tinha um quadro chamado ‘Saindo de Fininho’, em que trazia muitas situações em que a pessoa ia toda feliz, mas saia de fininho, pois acontecia alguma coisa negativa. Era um sucesso e ela usou desse formato para fazer a publicidade de uma maratona de Harry Potter que ia acontecer na Sky Brasil. As pessoas amaram e, na época, a publicação teve mais de 5 mil comentários.
Matheus Costa
Outro influenciador que vem se destacando e ganhando espaço é o Matheus Costa, que traz o Seu Zé, seu pai, na maioria das vezes. Seus vídeos têm conquistado o público, pois ele sempre consegue tirar a paciência do pai. Ele já foi contratado por várias marcas tais como: Havaianas, Itaú, AMBEV, Coca-Cola, Tim…
Um dos que mais gosto, é de quando ele fez uma parceria com a Paramount Brasil, para divulgar o filme Top Gun: Maverick e pede ajuda dos seguidores para fazer uma vakinha para levar o pai ao cinema.
Raphael Vicente
Com roteiros incríveis e trazendo a sua família para os vídeos, ele consegue apresentar o produto/serviço sem nem ao menos precisar falar quais as suas vantagens ou detalhar mais informações. A forma em que o conteúdo é elaborado consegue envolver os usuários e até fazer uma lembrança de marca, posteriormente, que pode ser decisiva no momento da compra.
Leuriscléia
A Leuris teve uma virada na carreira depois que gravou o vídeo que bombou no Brasil inteiro. Nele, ela mostra como era uma pessoa que tem ansiedade. “Se prepara, viu? Vem aí uma coisa muito forte!”. Desde então, diversas são as marcas que a contratam para falar de seus produtos/serviços em seus vídeos: Americanas, Spotify, Sonho de Valsa, Kuat…
Ela tem conseguido manter uma identidade que todos conhecem e já alcançou mais de 5 milhões de seguidores no Instagram.
Não dá para negar que é uma área em crescimento e as empresas precisam estar antenadas para saber como encaixar esse mercado em sua comunicação e conversar com o público de maneira direta e eficaz.
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José Henrique é Coordenador de Comunicação e Eventos do Conversa Estratégias de Comunicação Integrada